A agressividade é um impulso saudável, sinal de que a criança sabe batalhar pelo o que quer. Ela só precisa aprender com o tempo a medida certa dessa energia para a convivência social.
Seu filho grita, bate, morde, xinga? São modos de expressar a agressividade, basta ter algo negado para colocar toda a brabeza de fora. A agressividade é um recurso de sobrevivência e defesa do ser humano. Mas pode se tornar destrutiva se não for educada desde os primeiros anos. Você nunca teve vontade de bater num colega de trabalho e, no fim, foi conversar com ele? Você sentiu a mesma raiva que a criança, mas agiu diferente. É que você aprendeu a controlar suas reações.
Paciência e autoridade são as melhores armas para ensinar o filho a usar sua agressividade na medida certa, como impulso de determinação e garra, e não como sinônimo de violência. “Atitudes violentas não são aceitas socialmente. A criança violenta costuma ser rejeitada pelo grupo”, diz a professora e psicóloga Edwiges Ferreira de Mattos, da Universidade de São Paulo, que coordena um projeta sobre crianças agressivas.
Assim que observar os primeiros comportamentos agressivos em seu filho, vá orientando e colocando limites. Tapas e mordidas são típicos até 2 anos. Entre 2 e 4, é a hora de bater os pés, chutar e gritar. Depois surgem os insultos, os palavrões e os socos. O melhor jeito de lidar com essas situações é conter essas atitudes e conversar com seu filho.
Punir a agressão com castigo nem sempre resolve. Criança pequena não entende esse limite e seu efeito pode ser até arriscado. Ficar de castigo para pensar no que fez, por exemplo, pode levar a criança a associar o ato de pensar a algo chato e ruim. A atitude mais apropriada é mesmo conter a criança e explicar a ela que violência física machuca e que não se pode insultar as pessoas. “Mesmo uma criança pequena é capaz de entender que um soco ou um pontapé machucam” diz Edwiges.
Compreender por que o filho tem reações agressivas também ajuda, uma contra-agressão nunca é justificada. Ao conversar, os pais mostram ao filho que o diálogo é o melhor recurso para resolver um conflito. A criança aprende que não deve bater no colega quando ficar com raiva ou, se foi ela que apanhou que não deve revidar na mesma moeda. Às vezes, a solução é avisar um adulto sobre o que está ocorrendo.
Filhos que não expressam nenhuma agressividade também merecem cuidados. Uma criança que sempre cede quando o coleguinha tira os brinquedos de sua mão ou não disputa espaço com seus companheiros precisa aprender a reagir e a se defender. “Mas sempre pelo diálogo e não com o uso de agressão física ou verbal” diz Edwiges, lembrando que estudos demonstram que a criança não nasce cruel, mas pode tornar-se ao observar atitudes dos familiares e dos colegas.
Referências
Revista Crescer – Março/2002